13 setembro, 2012

Expressão de emoções

A comunicação é realizada através de três elementos:
  • Verbal – 7% (o que é dito)
  • Vocal – 38% (como é dito)
  • Não verbal – 55% (expressão facial, postura, gestos)

  • Numa conversa normal, o elemento verbal é usado principalmente para a comunicação dos fatos ou opiniões que um falante quer transmitir ao ouvinte. O elemento vocal é utilizado para apoiar as palavras; em outras palavras, isto inclui coisas como entonação e a ênfase em determinadas palavras.
    Como você pode ver, o componente não-verbal, que é mais comumente referido como linguagem corporal, é o maior componente individual da comunicação de pessoa para pessoa. Cada gesto é como uma palavra, e uma palavra pode ter significados diferentes. É só quando a palavra é usada em uma frase com outras palavras que o seu significado é totalmente compreendido. Gestos vêm em frases/grupos, e podem indicar a verdade sobre os sentimentos e as atitudes de uma pessoa.
    Nós geralmente não percebemos que postura, gestos e movimentos do corpo podem dizer uma história, enquanto a voz pode estar dizendo outra.
    O rosto não mente. As emoções expressam-se de forma verdadeira na face, mesmo quando as palavras mentem. Os estudiosos das expressões faciais garantem: aplicando os conhecimentos científicos certos, é possível detectar sempre os mentirosos.

     


     
    "As pessoas falam sem falar. O rosto grita", diz Armindo Freitas-Magalhães, director do Laboratório de Expressão Facial da Emoção (FEELab) da Universidade Fernando Pessoa. E grita sempre a verdade. Mesmo quando se pretende esconder, simular ou distorcer.
    Porque os músculos desenham no rosto (o palco) as emoções geradas no cérebro (camarins) de forma espontânea e involuntária, explica o psicólogo. E sentencia: "A expressão facial nunca mente".
    Paul Ekman, famoso psicólogo norte-americano que inspirou a série televisiva "Lie to me", cartografou a expressão das emoções no rosto humano com base nos movimentos musculares da face, olhos, nariz, boca, pálpebras, sobrancelhas, testa e pescoço. O resultado é o Facial Action Coding System (FACS), um instrumento cientificamente validado - ao contrário do polígrafo - usado para muitos fins, incluindo de investigação criminal.
    O Paul Ekman Group colabora com o FBI, a CIA, a Scotland Yard e outros órgãos de investigação, tal como acontece na série, ficcionada e exagerada nalguns aspectos, mas com fundamentos científicos, garante Freitas-Magalhães, que também integra a instituição.
    Cá em Portugal, o estudo das expressões faciais nunca foi aplicado em investigações policiais e o facto de os inquéritos policiais não serem filmados dificulta a sua aplicação. O director do FEELab confirma a existência de "abordagens não oficiais", aquando do desaparecimento de Madeleine MacCann, tendo chegado a analisar as expressões dos pais em declarações públicas.
    Concluiu que, quando afirmaram nunca ter dado sedativos aos filhos, não havia congruência entre a linguagem verbal (palavras) e não verbal (expressões faciais). O que indica que mentiram. "Como se diz é mais importante do que o que diz. Até o pestanejar dá indicações sobre o que se está a sentir", sublinha o psicólogo.
    Cada expressão, cada movimento tem significado. Mais: são universais. Um português revela, no rosto, emoções como alegria, desprezo ou surpresa da mesma forma do que um chinês. Ou dito por outras palavras, com os mesmos marcadores faciais. O que difere são as regras de exibição social, explica Freitas-Magalhães, que cita os estudos de Ekman, na Nova Guiné, que demonstraram a universalidade da expressão facial das emoções.
    A simulação é possível, claro, e há quem o faça bem, principalmente em situações de vazio emocional, mas as expressões produzidas não cumprem os critérios de genuinidade e quem dominar o FACS consegue detectar as mentiras. Sempre, garante o investigador. Uma das formas de encontrar a falsidade da expressão é analisar a simetria da face: em caso de simulação, os movimentos do lado esquerdo não são iguais aos do lado direito.

    Estudo sindicam a existência de uma relação entre seis emoções básicas que são reveladas pelas mesmas expressões faciais: medo, surpresa, alegria, raiva, aversão e tristeza.
    A despeito do debate que se possa realizar sobre a universalidade das expressões faciais e sua vinculação à ocorrência de determinadas emoções, é indiscutível que há uma regularidade na dinâmica da face, pelo menos dentro de um mesmo grupo cultural.

    Um dos grandes problemas metodológicos que encontramos para demonstrar a universalidade de qualquer fenômeno é a necessidade de demonstrar a regularidade universal daquilo que se deseja demonstrar. Caso sejam encontradas exceções, estas devem ter uma explicação plausível e que não invalidem a universalidade.
    Penso que até o presente momento, o que as pesquisas do Dr. Ekman e outros nos trouxeram foram fortes indícios de uma base biológica para certas reações emocionais que estão associadas às expressões faciais. Não vejo qualquer sucesso indiscutível na demostração da universalidade das expressões faciais.
    Nesse contexto, me parece muito mais proveitoso estudar a regularidade dassas expressões em uma mesma cultura. Isso facilitará tanto a interpretação quanto o uso do conhecimento produzido. É o que venho ensinando em meus cursos. Não ensino brasileiros a interpretarem chineses. Ensino brasileiros a interpretarem brasileiros.
    Apesar de todo esse debate acadêmico, você que é nosso leitor não precisa ficar muito preocupado. Em nível operacional do reconhecimento de emoções pelas expressões faciais, não há mais dúvida de que existe um padrão dentro de uma mesma cultura e, ainda que ocorram variações em cada indivíduo, essas variações não invalidam a utilização das técnicas de interpretação das emoções.

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