Já todos nos
questionámos como é possível que existam crianças que apesar de passado pelas
maiores dificuldades ao longo da vida, se transformam em adultos equilibrados e
saudáveis, enquanto que a outros qualquer acontecimento um pouco menos vulgar
os destrói emocionalmente. A essa capacidade chama-se resiliência.
A palavra
surge do latim resilientia, e é habitualmente utilizado em Física de Materiais
para designar a “resistência do material a choques elevados e a capacidade de
uma estrutura para absorver a energia cinética do meio sem se modificar”.
O termo foi
adoptado pelas ciências sociais para caracterizar as pessoas que conseguem
resistir e ultrapassar as adversidades, apesar de estarem expostas a ambientes adversos.
Ser resiliente, implica ter conseguido desenvolver capacidades físicas ou
fisiológicas, que conduziram aparentemente a uma certa imunidade às
adversidades.
A preciosa criatividade
Diversos estudos mostram que existe uma estreita relação
entre a resiliência e dois outros aspectos - criatividade e a forma como os
indivíduos são criados, isto principalmente em sujeitos com uma infância
marcada pelo sofrimento. Parece ser nesta infância dolorosa que mais tarde
descobrem a inspiração que os leva a dedicarem-se às artes, seja na escrita de
romances ou de relatos autobiográficos.
Toda essa criatividade tem por base as feridas da
infância já saradas. De facto, há uma marcada necessidade, por parte de
crianças que foram maltratadas pela vida, de divulgar a sua história em obras
autobiográficas e em muitas outras formas de arte.
Outras, distinguem-se no humor , ou seja, de algum modo,
transformam o sofrimento no seu oposto, como se quisessem mostrar ao mundo que
foram suficientemente fortes para o ultrapassar.
Como ser resiliente?
Não existe uma fórmula mágica para nos transformar em
resilientes. No entanto, ao longo dos últimos anos, os investigadores têm-se
desdobrado em esforços para tentar chegar a conclusões acerca dos factores que
devem ser desenvolvidos em cada um de nós.
Destaca-se desde logo o aumento da auto-estima e do auto
-conceito. Termos plena consciência do nosso valor e acreditarmos nele, será
uma importante base para o sucesso, seja em que área for.
Outro aspecto diz respeito à rede social que nos rodeia.
Uma criança, ou mesmo um adulto, que viva socialmente isolado, não terá tantas
possibilidades de enfrentar positivamente as dificuldades que lhe surjam. Para
além disso, o facto de sentirmos que controlamos a nossa própria vida, tanto para
o bem como para o mal, dá-nos uma sensação de poder que permite e favorece a
mobilização das energias internas.
Por fim, outro dos factores fundamentais diz respeito à
capacidade de cada um de nós descobrir o sentido da sua própria vida. Saber
para onde caminhamos, dá-nos um rumo e faz-nos puxar pela criatividade de forma
a encontrar meios de lá chegar.
Que factores permitem ser um resiliente
eficaz?
·
Intuição e capacidade de avaliação do
risco;
·
Aptidão para nos informarmos e
estabelecer prioridades;
·
Explicação e significados que atribuímos
ao sofrimento;
·
Sentido de humor;
·
Predisposição para partilhar a
experiência com outros;
·
Tendência para nos libertarmos do
passado doloroso e virar a página.
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