22 janeiro, 2016

Expressõa facial: Sua cara diz tudo

O psicólogo Paul Ekman, especialista em expressões faciais, diz que qualquer um de nós é capaz de reconhecer no rosto de outras pessoas as emoções humanas básicas

Os seres humanos são diferentes uns dos outros, mas idênticos no modo como expressam suas emoções. É o que afirma o americano Paul Ekman, 71 anos, professor de psicologia da Universidade da Califórnia e uma das maiores autoridades do mundo em leitura de expressões faciais. Seus 40 anos de estudos indicam que é possível saber quando alguém está feliz, triste ou angustiado – ou quando está fingindo tudo isso. Veja nesta entrevista a EMOÇÕES E INTELIGÊNCIA:






O sr. estudou comunidades de diversas regiões do mundo e observou que algumas emoções são inerentes a todos os seres humanos. Quais?
Qualquer pessoa, em qualquer lugar do planeta, é capaz de reconhecer no rosto de outra pessoa as emoções elementares: medo, surpresa, raiva, nojo, tristeza, angústia e alegria. O rosto é o principal lugar onde as nossas emoções se expressam. Como somos todos, afinal, criaturas profundamente visuais, as expressões faciais se tornam uma linguagem universal.
Como chegou a essa conclusão?
Estive em países tão distintos quanto Argentina e Japão, aonde levei fotos de expressões faciais para estudar o modo como as pessoas reconhecem tais expressões. Todas responderam da mesma forma. Depois fui a um lugar onde não há a influência dos meios de comunicação. Mostrei as mesmas fotos a uma tribo de Papua-Nova Guiné. Ali eles não conhecem nem televisão, mas reconheceram as expressões da mesma forma como alguém que vive numa metrópole.
Por que é importante saber identificar as emoções? Como isso pode nos ajudar na vida prática?
Ao identificar as expressões de emoção, pode-se, por exemplo, perceber quando uma pessoa está mentindo. No célebre episódio envolvendo o presidente Bill Clinton com sua estagiária, era muito nítido que ele não estava dizendo a verdade. Ele não somente tinha expressões de mentira em seu rosto como também usou a expressão “aquela mulher” para se referir a Monica Lewinsky. Uma das coisas que as pessoas fazem quando mentem é usar uma linguagem de distanciamento. Todos sabíamos que Clinton conhecia Monica. Ainda assim, ele se referia a ela como “aquela mulher”.
Quando alguém tenta esconder suas emoções (por exemplo, sorrindo quando está triste), existe algum modo de “ler” o rosto e conhecer o sentimento real da pessoa?
Sim. Quando um músculo localizado na área da sobrancelha se levanta levemente, ele revela que a pessoa está triste. Se você perceber esse detalhe, saberá que a pessoa está triste antes mesmo de ela saber. Outro exemplo: para dar um sorriso falso, a pessoa movimenta somente os músculos que vão do queixo até o canto do lábio. Para dar um sorriso verdadeiro, gerado por uma emoção genuína, a pessoa movimenta esses mesmos músculos e também outros ao redor do olho, que são praticamente impossíveis de comandar.
O sorriso de Mona Lisa já foi analisado por computador. Ele expressaria 83% de felicidade, 9% de desgosto, 6% de medo e 2% de irritação. Qual a sua opinião a respeito desse retrato?
Mona Lisa é um caso interessante porque envolve principalmente os lábios. No que se refere à expressão facial, a cabeça de Mona Lisa está voltada para um lado e o seu olhar se dirige ligeiramente para o outro lado. Isto é uma das coisas que acontecem durante um flerte: há um sorriso discreto, você olha para um lado para ver alguém e depois volta a olhar para o mesmo lugar. Eu diria, portanto, que Mona Lisa tem um olhar de paquera.

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