25 outubro, 2012

Ele gosta de números, ela gosta de palavras: existem apetências inatas?

Homens e mulheres têm o mesmo nível médio de inteligência, e apenas nasceram com a capacidade de desenvolver diferentes talentos


Embora cerca de 99% do código genético dos homens e das mulheres seja idêntico, o cérebro masculino e o feminino são diferentes. O cérebro masculino é maior, mas sem que tal corresponda a um maior número de células. As diferenças a nível cerebral, ainda que subtis são profundas e em grande parte induzidas pela ação das hormonas sexuais.
De facto a exposição a níveis elevados de estrogénios e testosterona após a puberdade modula a atividade neuronal o que se traduz por alterações do humor e uma maior predisposição para a depressão na mulher. As hormonas fazem sentir a sua presença nas várias fases da vida desde o nascimento à vida adulta.
As técnicas de imagem cerebral mostraram claramente que os homens e as mulheres têm diferente sensibilidade ao stresse e reagem de modo diferente ao conflito. Usam diferentes áreas e circuitos cerebrais para resolver problemas, processar a linguagem e guardar emoções fortes.
O número de neurónios envolvidos no processamento da linguagem é 11% superior nas mulheres e o hipocampo, a estrutura cerebral relacionada com a memória, é também maior. Isto significa que as mulheres são em média melhores a expressar emoções e a lembrar-se de detalhes relacionados com situações emocionais.
O cérebro feminino tem aptidões únicas, nomeadamente, no que diz respeito à agilidade verbal, à capacidade de “ ler” na face e no tom de voz o estado de espirito dos outros. Em contraste, no cérebro masculino, as estruturas cuja atividade se relaciona com a agressividade, como a amígdala, são mais desenvolvidas, assim como as áreas e os circuitos associados ao pensamento matemático.
O que quer que estas diferenças signifiquem, homens e mulheres têm o mesmo nível médio de inteligência, e apenas nasceram com a capacidade de desenvolver diferentes talentos.
 
Catarina Resende de Oliveira, Presidente do Centro de Neurociências e Biologia Celular, e Professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

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